sábado, 21 de fevereiro de 2009

Jabor não esqueçe da Bahia

Colunista em crise não consegue voltar das férias

Não consigo ir embora da Bahia. Acabaram minhas férias e continuo aqui. Mesmo que eu viaje depois do Carnaval, levarei a Bahia comigo.

Não se trata de louvá-la; quero entendê-la, não com a cabeça, mas com o corpo, com as mãos, com o nariz, entender como um cego apalpa um objeto, entender por que este lugar é tão fortemente estruturado em sua aparente dispersão.

Aí, descubro que, ao contrário, a Bahia me ajuda a "me" entender. Não sou eu quem olha; a Bahia é que me olha de fora, inteira, sólida, secular, a paisagem me olha e fica patente minha alienação de carioca-paulista, fica evidente meu isolamento diante da vida, eu, essa estranha coisa aflita que está sempre entre um instante e outro, sem nunca ser calmo, inconsciente e feliz como um animal.

Na Bahia, vejo-me neurótico, obsessivo, sempre em dúvida, ansioso. Gostaria de estar na Praia de Buraquinho, quieto, dentro do mar, como um peixe, como parte da geografia e não fora dela. Ninguém aqui se observa vivendo.

Salvador não é uma "cidade partida" como é o Rio, nem a cidade que expele seus escravos, como São Paulo, que um dia será castigada, estrangulada por sua periferia.

Aqui, de alguma forma misteriosa, os pobres e negros, mesmo sem posses, são donos da cidade. A cultura africana que chegou nos navios negreiros, entre fezes e sangue, parece ter encontrado a região ideal neste promontório boiando sobre o mar, batido de um vento geral, para fundar uma cidade erótica e religiosa, plantada nos cinco sentidos, fluindo do corpo e da terra.

Os casarios subiram os montes, desceram em vales por necessidade dos colonos e dos escravos do passado, o espaço urbano foi desenhado pelo desejo dos homens. A Bahia foi o lugar perfeito para a África chegar.

Tudo se sincretiza, natureza e cultura. Espírito e matéria se unem como um bloco só, amores e vinganças fluem no sangue dos galos e dos bodes, esperanças queimam nas velas de sete dias, todas as coisas se amontoam num grande procedimento barroco de não deixar vazio algum, nada que sobre, que fique fora, nada que isole matéria e gente.

Os deuses não estão no Olimpo; são terrenos e florestais, estão na rua, no dendê, dentro da planta. Consciência e realidade não se dividem, o povo e o mundo são a mesma coisa, e isso aplaca as neuroses, as alienações das megacidades, onde o homem é um pobre diabo perdido no meio dos viadutos.

Como nas fotos do Mário Cravo Neto, tudo se une em um só bloco: o alvo pato e a mão negra, a mulher nua e a pedra, o nadador, o sol e a água, as frutas, os cestos e as bocas, as plantas e os pés, os búzios e os segredos, os santos e os orixás, as mãos e o tambor, a fome e a carne, o sexo e a comida.

Tenho uma espécie de inveja e saudade desta cultura integrada, dessa sociedade secreta que vejo nos olhares das pessoas falando entre si, uma língua muda que não entendo, tenho inveja da palpabilidade de suas vidas materiais, tenho inveja da grande tribo popular que adivinho nos becos e ladeiras, das pessoas que riem e dançam nas beiras de calçada, que se amam na beira-mar, tenho inveja desta cultura calma que vive no "presente", coisa que não temos mais nas "cidades partidas", sem passado e com um futuro que não cessa de não chegar. Nesta época maníaca e americana, que se esvai sem repouso, aqui há o ritmo do prazer, a "sábia preguiça solar" de que falou Oswald e que Caymmi professa.

A civilização que os escravos trouxeram criou esta "grande suavidade", este mistério sem transcendência, este cotidiano sem ansiedade, esta alegria sem meta, esta felicidade sem pressa.

Aqui a cultura vem antes da lei. Aqui o soldado na guarita é um negro com passado e orixás, dentro da roupa de soldado. O bombeiro, o vendedor, o pescador, o vagabundo se comunicam e existem antes das roupagens da sociedade. Até se travestem, se fantasiam de si mesmos nos horrendos resorts caretas da burguesia, mas não perdem a alma para o diabo, defendidos pela vigilância de seus Exus.

A sinistra modernidade tenta adquirir a Bahia, possuí-la, apropriar-se das praias, das ilhas, dos panoramas. Mas mesmo o progresso urbano e tecnológico aqui fica domado de certo modo pela cultura, que resiste a esses embates.

Os balneários turísticos aqui me parecem meio patéticos, meio Miami, na vivência luxuosa dos acarajés, camarões e uísques trazidos por serviçais iaôs e mordomos de cabeça feita. Aqui não se vêem os rostos torturados dos miseráveis do Rio e de São Paulo: a pobreza tem uma religião terrena costurando tudo. As festas do ano inteiro não são diversionistas, orgiásticas, para "divertir" - são para integrar.

As festas têm uma religiosidade pagã, sem sacrifícios, sem asceses torturadas de olhos virados para o céu. Nada sobrou do barroco europeu sofrido; só prosperou o barroco gordo, pansexual, com as frutas, os anjinhos nus, os refolhos e os ouropéis invadindo o convulsivo barroco da contra-reforma, com as curvas carnavalescas nas igrejas cheias de cariátides peitudas, sexies, gostosas, como as mulatas do Pelourinho. Não é uma sociedade, mas um grande ritual em funcionamento.

O Brasil aflito, injusto, imundo, inóspito devia aspirar a ser Bahia.

Aqui dá para esquecer o jogo sujo do Congresso em Brasília, revelando a face oculta dos bandidos com imunidade, emporcalhando a democracia, aqui você não morre afogado na enchente da marginal Tietê, nem o Ronaldinho é assaltado com revólver na cabeça.

Não conheço lugar mais naturalmente democrático.

E, por isso, não consigo ir embora.

Vou comprar uma camiseta "NO stress" e ficar bebendo frappé de coco para sempre.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Todos os domingos à tarde, depois do culto da manhã na igreja, o pastor e seu filho de 11 anos saíam pela cidade e entregavam folhetos evangelísticos.

Numa tarde de domingo, quando chegou à hora do pastor e seu filho saírem pelas ruas com os folhetos, fazia muito frio lá fora e também chovia muito.

O menino se agasalhou e disse: -'Ok, papai, estou pronto. '
E seu pai perguntou: -'Pronto para quê?' -'Pai, está na hora de juntarmos os nossos folhetos e sairmos. ' Seu pai respondeu: -'Filho, está muito frio lá fora e também está chovendo muito. '

O menino olhou para o pai surpreso e perguntou: -'Mas, pai, as pessoas não vão para o inferno até mesmo em dias de chuva?' Seu pai respondeu: -'Filho, eu não vou sair nesse frio. ' Triste, o menino perguntou: -'Pai, eu posso ir? Por favor!' Seu pai hesitou por um momento e depois disse: -'Filho, você pode ir. Aqui estão os folhetos. Tome cuidado, filho. ' -'Obrigado, pai!'

Então ele saiu no meio daquela chuva. Este menino de onze anos caminhou pelas ruas da cidade de porta em porta entregando folhetos evangelísticos a todos que via. Depois de caminhar por duas horas na chuva, ele estava todo molhado, mas faltava o último folheto.

Ele parou na esquina e procurou por alguém para entregar o folheto, mas as ruas estavam totalmente desertas. Então ele se virou em direção à primeira casa que viu e caminhou pela calçada até a porta e tocou a campainha. Ele tocou a campainha, mas ninguém respondeu.

Ele tocou de novo, mais uma vez, mas ninguém abriu a porta. Ele esperou, mas não houve resposta. Finalmente, este soldadinho de onze anos se virou para ir embora, mas algo o deteve. Mais uma vez, ele se virou para a porta, tocou acampainha e bateu na porta bem forte. Ele esperou, alguma coisa o fazia ficar ali na varanda.

Ele tocou de novo e desta vez a porta se abriu bem devagar. De pé na porta estava uma senhora idosa com um olhar muito triste. Ela perguntou gentilmente: -'O que eu posso fazer por você, meu filho?'

Com olhos radiantes e um sorriso que iluminou o mundo dela, este pequeno menino disse: -'Senhora, me perdoe se eu estou perturbando, mas eu só gostaria de dizer que JESUS A AMA MUITO e eu vim aqui para lhe entregar o meu último folheto que lhe dirá tudo sobre JESUS e seu grande AMOR. ' Então ele entregou o seu último folheto e se virou para ir embora. Ela o chamou e disse: -'Obrigada, meu filho!!! E que Deus te abençoe!!!'

Bem, na manhã do seguinte domingo na igreja, o Papai Pastor estava no púlpito.

Quando o culto começou ele perguntou: - 'Alguém tem um testemunho ou algo a dizer?'

Lentamente, na última fila da igreja, uma senhora idosa se pôs de pé.

Conforme ela começou a falar, um olhar glorioso transparecia em seu rosto.
- 'Ninguém me conhece nesta igreja. Eu nunca estive aqui.
Vocês sabem, antes do domingo passado eu não era cristã.
Meu marido faleceu a algum tempo deixando-me totalmente sozinha neste mundo.
No domingo passado, sendo um dia particularmente frio e chuvoso, eu tinha decidido no meu coração que eu chegaria ao fim da linha, eu não tinha mais esperança ou vontade de viver.
Então eu peguei uma corda e uma cadeira e subi as escadas para o sótão da minha casa.
Eu amarrei a corda numa madeira no telhado, subi na cadeira e coloquei a outra ponta da corda em volta do meu pescoço.
De pé naquela cadeira, tão só e de coração partido, eu estava a ponto de saltar, quando, de repente, o toque da campainha me assustou.
Eu pensei: -'Vou esperar um minuto e quem quer que seja irá embora. '
Eu esperei e esperei, mas a campainha era insistente; depois a pessoa que estava tocando também começou a bater bem forte.
Eu pensei: -'Quem neste mundo pode ser?
Ninguém toca a campainha da minha casa ou vem me visitar. '
Eu afrouxei a corda do meu pescoço e segui em direção à porta, enquanto a campainha soava cada vez mais alta.
Quando eu abri a porta e vi quem era, eu mal pude acreditar, pois na minha varanda estava o menino mais radiante e angelical que já vi em minha vida.

O seu SORRISO, ah, eu nunca poderia descrevê-lo a vocês!

As palavras que saíam da sua boca fizeram com que o meu coração que estava morto há muito tempo SALTASSE PARA A VIDA quando ele exclamou com voz de querubim: -'Senhora, eu só vim aqui para dizer QUE JESUS A AMA MUITO. '

Então ele me entregou este folheto que eu agora tenho em minhas mãos. Conforme aquele anjinho desaparecia no frio e na chuva, eu fechei a porta e atenciosamente li cada palavra deste folheto.

Então eu subi para o sótão para pegar a minha corda e a cadeira. Eu não iria precisar mais delas. Vocês vêem - eu agora sou uma FILHA FELIZ DO REI!!!

Já que o endereço da sua igreja estava no verso deste folheto, eu vim aqui pessoalmente para dizer OBRIGADO ao anjinho de Deus que no momento certo livrou a minha alma de uma eternidade no inferno. '

Não havia quem não tivesse lágrimas nos olhos na igreja. E quando gritos de louvor e honra ao REI ecoaram por todo o edifício,o Papai Pastor desceu do púlpito e foi em direção a primeira fila onde o seu anjinho estava sentado. Ele tomou o seu filho nos braços e chorou copiosamente. Provavelmente nenhuma igreja teve um momento tão glorioso como este e provavelmente este universo nunca viu um pai tão transbordante de amor e honra por causa do seu filho...

Exceto um. Este Pai também permitiu que o Seu Filho viesse a um mundo frio e tenebroso. Ele recebeu o Seu Filho de volta com gozoindescritível, todo o céu gritou louvores e honra ao Rei, o Pai assentou o Seu Filho num trono acima de todo principado e potestade e lhe deu um nome que é acima de todo nome. Bem aventurados são os olhos que vêem esta mensagem. Não deixe que ela se perca, leia-a de novo e passe-a adiante.

Lembre-se: a mensagem de Deus pode fazer a diferença na vida de alguém próximo a você. Não tenha medo ou vergonha de compartilhar esta mensagem maravilhosa.